domingo, 8 de março de 2009

Processos de Fabricação 2

Luz azul de tv sem sinal iluminando a página parda, de papel reciclado. Bendito papel ecologicamente correto, cheio de ranhuras e elementos estranhos e escuros que lhe dão um aspecto... sujo?! O que será dos nossos antigos provérbios? Meu Deus... o que direi da minha musa, que outrora era alva como um papel?
Direi que está mais linda do que nunca. Mudou. Cabelos levementes mais curtos. Eu percebi, sempre percebo. Óculos novos. Ela se queixou pra mim que havia perdido os outros... mal soube o que responder. Disse que ela ficava linda de qualquer jeito, em meus pensamentos, mas no planeta Terra minha boca só se abriu para responder um atrasado "é..."
Depois riu de uma besteira que eu falei. Sentada na minha frente, eu o único da última fileira. Ela, a única da penúltima. Me distraio, me confundo e me pergunto se ela é mais bonita que sua silhoueta, ou é ao contrário. Silhoueta não tem boca carnuda, não tem cheiro. Silhoueta é sombra sólida.
Se tiver boca carnuda pra mim, eu beijo. Se tiver silhoueta, eu vejo. Mas se tiver só a sombra, desenhada no chão... aí eu deito.

3 comentários:

acende um versinho disse...

Muito bom Cícero! Voltou a desenhar com as palavras! Adorei esse, complemento do último! Adorei as imagens que voce criou... adorei o final da sombra! Dá vontade de ir na sua sala para ver a moça! Rs!

Carol Zatti disse...

\o/


=*

(adorei esse!)

Anônimo disse...

Cadê mais? Cadê mais?